sexta-feira, maio 27, 2011

Instituto Piaget (Campus Universitário de Almada) Formação "Encontos e Encontros"

É já amanhã que vamos estar com a Maria Teresa Meireles, com a Mafalda Milhões, com todos vós, com palavras, poesia, dedicação, encanto, liberdade, contos e Encontos...

segunda-feira, maio 23, 2011

10, 11 e 12 de Junho ... XX Maratón de los Cuentos Guadalajara

Já está disponível o programa da XX Maratona de Contos em Guadalajara (ESP)

http://maratondeloscuentos.org/spip/spip.php?article352 

Dias 10, 11 e 12 de Junho todos os contos vão dar a Guadalajara! Este ano a homenagem é feita ao silêncio!

A cidade que se transforma e por todo o lado há maratonas ligadas ao conto: maratona de fotografia, maratona de ilustração, maratona de música, maratona de rádio, maratona de contos, monucontos; conversatórios; espaços para novos narradores; espectáculos para bebés dos 0 aos 3 anos; venda de livros...

Uma cidade que celebra a palavra.

Este ano, infelizmente, não poderemos estar mas dizemos que vale muito a pena!!! São 46 horas de contos, onde só é possível respirar palavras e memórias!

Aproveitem-na! E tragam boas novas!
Deixem-se Encontar por esta maratona! 

sexta-feira, maio 20, 2011

Quando um "limonero" faz história...

Correspondência entre o Prof. José Manuel Teixeira e Nicolás Buenaventura Vidal... a árvore que nunca deu limões!

                                                  árbol(a)


Estábamos en el Festival de Teatro de Almada, en Portugal, al lado de Lisboa. Me encontraba haciendo fila en la cafetería del festival, para recibir mi almuerzo, y un hombre se me acercó, me dijo: ¿Nicolás Buenaventura? Asentí. Y en un portugués lento, para que entendiera, agregó: Asistí a tu presentación aquí, en febrero y cuando vi que estabas programado te escribí una carta. Decidí traerla, a ver si te encontraba. Me dijo que la carta hablaba de un cuento que había contado ese día y de un limonero que tenía en su casa, luego se fue, el espectáculo al que tenía previsto asistir iba a comenzar.

Tomé mi almuerzo, me senté en una de las mesas y leí:

Almada 12.07.07
Nicolás

…compré la casa donde vivo hace 4 años. Es una casa que tiene cerca de 20 años. Cuando la compré también adquirí el jardín y los árboles. Es difícil para mí decir esto, compré los árboles. (La carta dice as ávores, las árboles, en portugués árbol es femenino, una lengua sabia).

¿Cómo se puede comprar y poseer un árbol? Un árbol es casi como un río, una estrella, una montaña, es posible que no se pueda comprar ni poseer un árbol. A pesar de ello seguimos diciendo eso: compré un árbol, ¡poseo un árbol! En el jardín que compré con la casa donde vivo existía un limonero pequeño, raquítico, lleno de plagas, prácticamente estéril. Desde el principio no me gustó aquel limonero. Pensé, ¿para qué quiero un limonero así, viejo, esquelético, lleno de plagas y encima estéril? El antiguo dueño de la casa me informó, hasta ahora solo dio un limón.

Pensé, voy a arrancarlo y a plantar en su lugar un nuevo limonero, saludable, bonito, que dé limones. Con todo, nunca cumplí ese propósito. En el primer año el limonero dio dos limones, en el segundo cinco, en el tercero ni uno. Quedé decepcionado. Cómo me puedes hacer una ofensa así. ¡Ni uno! Iba todo ¡tan bien! Pensé de nuevo en arrancarlo y sustituirlo. Con todo, nunca llevé a cabo aquella intención.

En febrero estuviste en Almada en el Encuentro Internacional de Narración Oral. Fui a ver tu espectáculo y los de los otros dos narradores en el Teatro Municipal de Almada (el teatro azul). Te escuché contar historias. Al final de tu espectáculo, respondiendo a una pregunta del público contaste esa historia…

… acerca de alguien que cuenta historias para cambiar el mundo.

Esto fue más o menos lo que percibí:

El Contador comenzó por tener 500 oyentes, después 300, luego 100. Iba todos los días a la plaza de su ciudad y… contaba, contaba, contaba… historias para cambiar el mundo.
Acabó por no tener a nadie que lo escuchara. Como nunca sería capaz de desistir de contar historias…
comenzó a hacer ese trabajo con los ojos cerrados, siempre con el mismo entusiasmo, sabiendo que probablemente nadie estaba disponible para escucharlo.
Ahora lo consideraban loco…
Un día vino una niña, lo vio, lo tocó en el brazo y le preguntó: ¿Por qué cuentas historias con los ojos cerrados para nadie? ¿No ves la plaza vacía?
Él le respondió: Cuento historias para cambiar el mundo.
Pero y ¿las personas? ¡Ni una!, insiste la niña.
El contador abrió los ojos, miró alrededor y respondió: Sí, es así, como tú dices, cuento historias para que el mundo no me cambie a mí.

Algunos días después le escribí a un amigo sobre tu espectáculo, la puerta de mi escritorio abre sobre el jardín y me deja ver el limonero, pensé: ¿Y si el limonero fuese ese contador de historias que está justamente en mi jardín (la plaza) contándome historias con los ojos cerrados (sin limones) para cambiar el mundo?

Fue como si se me abrieran los ojos. ¡Sólo ahora! Me llené de ternura hacia aquel limonero. Recordé la historia bíblica de la higuera estéril (Lc 13,6-9).

¿Al final, qué es lo que justifica la vida de un árbol como mi limonero? ¿Los frutos que da, las hojas, la sombra? ¿Un árbol merece vivir gracias a los frutos que da o… merece, (y necesita) vivir por todo lo que significa ser árbol?

Estoy feliz con mi contador de historias.

Gracias a este limonero nunca me olvidaré de cierto colombiano contador de historias.

José Manuel Leite Teixeira


Lloré. Pocas veces en la vida me han dicho inútil de manera tan extraordinaria.

            Desde entonces somos amigos, nos escribimos y, cuando viajo a Portugal, nos vemos, me da noticias de nuestro limonero.

O carteiro foi atrás de sonhos Encontados!!!

Publicamos o texto do Prof. José Manuel Teixeira (Escola Básica Vale Rosal) que, tal como nós, também sonhou trazer o Nicolás às suas salas de aula... e o sonho está quase a ser concretizado

Formação Encontos e Encontros -
28 Maio - 9 Junho



Histórias Para Mudar o Mundo
(Almada, Lisboa - 7, 8, 9 de Junho de 2011)

Os sonhos nascem, crescem, levantam-se e levam-nos aos ombros com eles. De alguma maneira eu quero ir sempre com eles. Tudo na vida depende do cuidado e da atenção que prestamos ao mistério que existe nas coisas, nas palavras, em nós… Se um rio corre, uma árvore cresce e uma flor se perfuma ao sol, isso é linguagem, poesia, olhos misteriosos olhando-nos por detrás do seu véu. Um dia ouvi Nicolás Buenaventura contar a história de um homem, Jacob, que contava histórias para mudar o mundo, olhos fechados, sentado numa praça, ninguém que o escutasse…Um dia, descobri que tinha um limoeiro no meu jardim que me contava histórias para mudar o mundo exactamente assim, em forma de limoeiro, sem limões, verídico, natural, incansável. Todas as histórias que ele me contava vinham preenchidas com silêncios, pausas, aromas frescos, sóis, chuvadas, frio, calor, brisas, música… E descobri ainda, não sem um arrepio, que ele não era apenas limoeiro, árvore; era também todo o mistério que existe dentro das coisas; o mistério da permanente impossibilidade de compreender-me… mas aberto às perguntas…a todas as perguntas e sonhos!
Escrevi a Nicolás dando-lhe conta do meu limoeiro cego (sem limões), coberto de pragas, porém sempre com folhas verdes perfumadíssimas… Essa carta Nicolás publicou-a em 2010 no seu livro “Palabra de Cuentero” com o título de “árbol(a)”. Nesse livro conheci a história de Michel, homem pequeno e robusto que um dia, em Corvées-les-Yys, pequena aldeia na Região Centro de França, convidara Nicolás para contar histórias em sua casa e lhe pagara como antigamente se pagava aos contadores de histórias, não com dinheiro, mas com “vino, queso, jamón, con esos pasteles de carne que llamam terrines, con pan y con conservas”.
Quando no início deste ano lectivo regressei à escola para recomeçar o meu trabalho, não conhecia ainda a maior parte dos alunos que me tinham sido destinados, as dores, as angústias e as alegrias que haveriam de vir; não conhecia também a maioria das professoras e professores com quem teria de relacionar-me, conviver e trabalhar, mas tinha a certeza de que não podia deixar de ser aquilo em que me tornara. Viver, educar, ensinar contando histórias, era agora a minha estratégia primeira, preferida e, de certa forma, obrigatória.
Certo dia decidi traduzir a história de Michel, “antes”; numa segunda-feira levei-a para a escola, sentei-me frente aos alunos, tirei os sapatos e as meias e li-a enquanto eles, numa folha de papel branca A4 anotavam alguns dos seus matinais pensamentos, palavras, perguntas, esboçavam incompletos desenhos. Resolvi fazer o mesmo em todas as minhas turmas. Depois passei a limpo todas as perguntas, dúvidas, sementes de histórias que os alunos deixaram nas folhas brancas, traduzi em palavras o conteúdo dos seus pequenos desenhos e enviei tudo para a casa de Nicolás em Paris. Imagino a surpresa do contador de histórias, Nicolás, vendo-se inesperadamente a braços com tantos papéis, desenhos, sementes de histórias, perguntas e dúvidas. O mais interessante foi, talvez, ver como as suas histórias davam origem a novas histórias, antigos sonhos gerando novos sonhos, o limoeiro cada vez mais apto como contador de histórias… Nicolás escreveu aos meus alunos via e-mail uma grande carta – 6 páginas A4 - na qual respondia a perguntas, fazia comentários, analisava os desenhos, sugeria ideias, caminhos, sinais…
Comecei a pensar, ou a sonhar, num encontro com Nicolás na minha escola, possibilitar um contacto mais estreito entre o contador de histórias e os meus alunos. Havia que arriscar, não pensar muito nas dificuldades em pôr de pé esta iniciativa, deixar as coisas em poder do mistério, ele que resolvesse, tornasse viável o sonho. Seria necessário pagar a viagem ao contador de histórias, a estadia e o trabalho. Todo o trabalhador merece o seu salário! Ainda agora, sempre que penso nisto, descubro-me mentalmente a dizer: se não puder de outra modo, pago do meu bolso a viagem e a estadia, e os alunos, tal como fizera Michel, retribuem com pão, vinho, presuntos, queijos, compotas e…O sonho comanda a vida. A fantasia abre caminhos inesperados.
Sem medir as consequências convidei-o. Ele disse que sim. Depois foi o trabalho de pedir ajuda. A Casa da América Latina aderiu imediatamente a este projecto. Obrigado Maria Xavier, obrigado Diana. Depois foi a vez da Rita Alves pedir também um encontro com Nicolás no seu instituto (Instituto Piaget). Só não foi possível aceitar o pedido de Pedro Lopes… Pedro, contaremos contigo num próximo evento! Costumamos ouvir dizer por aí que o pouco repartido por todos apenas nos enriquece…
Talvez possamos continuar a alimentar este sonho, depois de 7, 8, e 9 de Junho, juntando algumas histórias em livro e publicando-as! Deixemos tudo por conta do mistério escondido em tudo, ele que resolva.

terça-feira, maio 17, 2011

Hoje Encontámos no Agrupamento de Escolas de Queluz !!!

Hoje Encontámos os meninos do Jardim de Infância do Agrupamento de Escolas de Queluz (http://www.eb1-queluz-n2.rcts.pt/). 


Levámos os nossos sacos de pano carregados de histórias e sobretudo, levámos disponibilidade, amor e verdade nas histórias!


No âmbito da Semana da Leitura, este jardim de infância organizou-se para nos receber. Estivemos com pequenos e graúdos. Estes últimos estiveram presentes num número espantoso!


Voltámos com o espírito rejuvenescido, com alma quente. 
Voltámos cheios de sorrisos sinceros, cheios de pequenos nadas.




Voltámos cheios de mais certeza que vale a pena...




Os meninos deste Jardim de Infância encheram-nos de lágrimas salgadas quando nos entregaram esta caixa cheia de livros, para o projecto "Enconta-me que eu gosto". Uma caixa cheia de amor!


Obrigada por estarem no nosso caminho! Obrigada especial à grande amiga Luísa Mendes que se lembrou de nós!

segunda-feira, maio 16, 2011

"Comandante Hussi" vai Encontar... e nós gostamos

Chegou até nós uma pérola rara... "Comandante Hussi" !!!  (texto Jorge Araújo  --  ilustração Pedro Sousa Pereira -- ed. Quetzal, 2003)
Um livro que também nos fala dos dolorosos momentos de guerra africana. Um livro que, sobretudo nos fala, de grandes valores como o amor, a amizade, a coragem. A vida. 
Um amor, em tempo de guerra, entre um menino franzino - Hussi, e a sua bicicleta. 
Uma história simples, ou talvez o pareça porque foi escrita por quem também viveu alguns destes momentos de guerra, porque tem uma capacidade de se continuar a encantar com histórias feitas de pequenos nadas. Uma história que nos limpa o  caminho à medida que nela caminhamos.
Uma história em prosa, onde cada frase é poesia! 
Uma escrita com mel! Jorge Araújo já há muito que nos habituou a ouvir as suas histórias e nós gostamos! 
Encontaremos também com o Hussi... Obrigada!


(...)
"- Logo que acabar a guerra venho buscar-te.
- Prometes?
- Prometo - respondeu Hussi enquanto deitava mais uma pazada de  terra e cruzava os dedos, por detrás das costas, para dar sorte.
 A bicicleta podia finalmente hibernar descansada. Sabia que Hussi era um menino de palavra. Que não ficaria enterrada até ao final dos tempos.
- Vai com Deus - disse com a voz empoeirada de emoção.
- Tens a certeza que não precisas de mais nada?
- Fura o dedo e faz um pacto comigo.
Agora já não eram apenas amigos, eram unha com carne, irmãos de sangue. Hussi respirou fundo, deitou um último bocado de terra, colocou as pedras calcinadas em círculo, retirou do pescoço o talismã que o feiticeiro lhe oferecera e colocou-o sobre o monte de cinzas. Antes de partir enfiou a sua flauta, feita com um tubo de electricidade, terra abaixo.
- Assim podes ver o sol... podes respirar.
Não haveria nada nem ninguém capaz de matar a sua bicicleta. Hussi compreendera finalmente o que é uma guerra - não, não é o fim do mundo nem o princípio de outro. É o dia em que foi obrigado a deixar para trás a sua bicicleta.  (...)"


Porque é a sonhar que vencemos todas as guerras!



sábado, maio 14, 2011

Manuel António Pina é o Prémio máximo de Língua Portuguesa!

Ficamos sempre Encontados quando recebemos notícias como a da entrega do Prémio Camões a Manuel António Pina! 


É um homem que Enconta com as palavras, que lhes dá o lugar justo, que lhes dá o brilho certo... que nos deixa de pernas para o ar; que troca o têpluquê; que nos conta histórias, de princesas e príncipes, que começam noutro lugar onde viveram felizes para sempre ...
  
Manuel António Pina respeita as palavras no jornalismo, na poesia, na literatura infanto-juvenil, no teatro.

Manuel António Pina constrói-nos todos os dias, num lugar incerto, com a palavra certa!



Os prémios valem pelo que são... um reconhecimento público e, as palavras de Manuel António Pina, já mereciam este lugar! A literatura infanto-juvenil portuguesa veio a público pelas mãos de um grande Homem! Esperamos conseguir viver felizes todos os dias para saborear a sua obra!


Muitas vezes Encontamos com uma história sua... aquela que começa pelo fim, aliás, por outro lugar do fim...
  
Era uma vez um príncipe e uma princesa que se casaram e foram felizes para sempre. Mas “para sempre” é muito tempo com o passar dos anos, a felicidade do príncipe e da princesa começou a ter um sabor estranho e a tornar-se, como hei-de dizer?, um pouco aborrecida.

- Que saudades eu tenho de quando era guardadora de patos!, dizia a princesa.
- E eu que saudades tenho de quando era sapo, e esperava que tu chegasses e me beijasses para quebrar o feitiço!, dizia melancolicamente o príncipe.

(O príncipe e a princesa estavam já a ficar velhos e e confundiam frequentemente as coisas, misturando com a sua história as histórias de outros príncipes e outras princesas de que tinham ouvido falar).
Um dia, passeando nos jardins do palácio, de mãos dadas, como sempre, concluíram que eram felizes há tanto tempo que já nem sabiam bem o que era a felicidade, e que, se ao menos se lembrassem de alguma coisa infeliz, talvez pudessem de novo aperceber-se de como eram felizes.

Chamaram então os cortesãos para que eles lhes falassem de coisas infelizes e tristes. Mas os cortesãos, como já tinha passado muito tempo, também já não se lembravam. A única coisa de que um deles, depois de um grande esforço, foi capaz de lembrar-se foi de que lhe parecia que estar triste era triste. 

Mas quando lhe perguntaram o que era estar triste ficou longos minutos em silêncio, a puxar pelas recordações, e não conseguiu lembrar-se de mais nada (a não ser, lembrou-se de repente, de que deixara as chaves de casa no bolso das calças que tinha mandado para a lavandaria!).
 - O que eu dava por um pouco, um pouco só, de tristeza! – dizia o príncipe abanando a cabeça.
- Assim nem sabemos se somos felizes ou não. Devemos ser, mas não temos a certeza… - Acrescentava a princesa.

Pediram ajuda à Fada Madrinha, que lhes fazia todas as vontades, mas a Fada Madrinha era uma Fada Boa e não podia fazer maldades nem provocar tristeza, e por isso não lhes pôde valer.
Passou muito, muito tempo, até que um dia, o Bobo, que tinha frequentemente ideias malucas, teve uma ideia maluca: e se tudo aquilo fosse uma grande maldade da Bruxa Má? Se ela tivesse rodeado o príncipe e a princesa de felicidade por todos os lados e os tivesse aprisionado? Se todos, até ele, que também era (julgava que era, mas também já não tinha a certeza…) feliz, fossem afinal prisioneiros da Bruxa Má? 

Era uma ideia maluca, e o Bobo não se atreveu a falar a ninguém. Mas, a partir desses dia, passou a procurar desesperadamente uma saída que desse para Qualquer-Sítio, por onde pudesse passar para o outro lado da muralha da felicidade. Até que, numa certa tarde, decidiu meter-se por um buraco que lhe pareceu apropriado para ir dar a Qualquer-Sítio.
Porém, ao longo de tantos e tantos anos de felicidade, o Bobo tinha engordado muito e, mal se enfiou no buraco, ficou preso pela barriga, sem poder continuar nem voltar para trás.

O príncipe e a princesa deram pela falta do Bobo e ficaram muito aflitos, porque eram muito, muito amigos dele. Ajudados pelos cortesãos, procuraram-no por toda a parte. Mas chegou a noite e o Bobo não apareceu. 

Então, nessa noite, ao jantar, a princesa, olhando a cadeira vazia do Bobo à mesa, sentiu uma impressão estranha: uma espécie de não sabia bem o quê, não sabia bem onde, como se o seu coração, de repente, se tivesse tornado mais pequeno. 
E o príncipe pegou-lhe na mão e sussurrou:
- Também eu. Será que … - a sua voz estremeceu – será que estamos tristes?!
E então, de repente, perceberam:
- Estamos tristes, estamos tristes!, gritaram os dois, saltando alvoroçados nos cadeirões.

Ficaram contentíssimos por estarem tristes. Mas, ao mesmo tempo, ficaram tristes. Porque continuavam sem saber o que teria acontecido ao Bobo. 
- Que grande infelicidade, disse a princesa voltando a sentar-se. – E se o Bobo morreu? – E, pela primeira vez desde há muitos, muitos anos, dos seus olhos correram de novo, ligeirinhas, as lágrimas. Estavam tão desabitadas, as lágrimas, que, primeiro, assomaram timidamente aos cantos dos olhos da princesa, espreitando, hesitantes, e só depois ganharam coragem e se decidiram a correr-lhe, duas a duas, pelas faces.
- São salgadas, disse, surpreendida, a princesa.
- As saladas?..., perguntou o príncipe sem compreender.
- Não, as lágrimas…

Nas semanas seguintes, como o Bobo continuava sem aparecer, o príncipe e a princesa passaram terríveis dias de tristeza e aflição.
Até que, como esteve muito tempo sem comer, metido no buraco, o Bobo emagreceu. E tanto emagreceu que, finalmente, conseguiu safar-se, e voltou, cheio de fome, ao Palácio, onde foi recebido com grandes festas.
 
E voltaram todos a viver felizes para sempre!!!
Retirado do livro “Histórias que me contaste tu”
de Manuel António Pina
Manuel António Pina... Enconta-nos que nós gostamos!!!

quarta-feira, maio 11, 2011

Continuamos a receber livros ...

Domingo foi mais um bom dia para receber livros... desta vez foi a Educadora Natalina Coias que espalhou a notícia, na Escola Nova Apostólica http://www.novaapostolica.org/ !!! A notícia espalhou-se e ao que parece muito bem, pois estes meninos, ofereceram dois sacos e uma caixa, cheios de livros, puzzles e jogos ao nosso/vosso "Enconta-me que eu gosto". Nós mais uma vez agradecemos MUITO a estes meninos, pais, educadores, directores...

A propósito...o nome da Natalina Coias não é estranho para ninguém, mas se houver quem ainda não a conheça, por favor espreite aqui:  http://pintarriscos.blogspot.com/2009/04/lancamento-do-livro-hoje-nao-quero_19.html



"Hoje não quero dormir!!!"
Texto de Alexandre Honrado
Ilustração de Natalina Coias
Ed. Livros Horizonte